22.11.05

Amanhã quando acordares, sentirás a minha inexistência na tua vida. Vais levantar-te sem o meu cheiro entre os teus lençóis, sem o aroma salgado da junção da tua pele com a minha.
Vais dirigir-te à cozinha, encostar-te-às à bancada e fumarás um cigarro. O teu primeiro cigarro do dia, aquele que quando acordavámos juntos, eu nunca te deixei saborear. Vais sentir-te realizado numa satisfação ilusória e pensarás na minha estúpida relação com o tabaco. O gosto pelo cheiro e pela sensualidade inerente ao acto que algumas pessoas têm, a meu ver versus o facto de detestar que alguém fume.
Abrirás a janela e sentirás que o sol está diferente. Menos quente, menos reconfortante e menos espontâneo. O ar não estará mau, mas sim menos bom. Faltará lá a minha gargalhada parva, o meu beijo repinpando na tua face enquanto os meus braços se enrolam à volta do teu pescoço. Faltará lá o pó de açúcar com o qual eu polvilhava o teu corpo e temperava a tua vida antes de te largar, e com o qual eu te sussurava intimamente um "até logo". Vais sentir falta do regaço que sempre te ofereci sem esperar nada em troca.
E quando te aperceberes estarás a divagar numa noante sem retorno. Será como se existisse um rio a separar o teu "eu" do "eu" que eras quando estava contigo. A linha ténue que nos afastou parecer-te-à tão nítida e tão clara que cada vez mais, sentirás a distância. O regato correrá nessa linha ténue mais e mais para trás, para ser engolido pela sua nascente.
E eu ficarei aqui, onde me largaste e tu ficarás aí, onde paraste e donde não conseguirás partir. E será mais um dia. Só mais um. Daqueles infindáveis dias em que a minha concepção de amor se emarenha em ti e te sufoca.


15.11.05

Telefone

O relógio marca a 1h15 da manhã.Tenho o corpo dormente e estou ansiosa.O telefone toca e do outro lado da linha ouço a tua voz.Sorrio e escuto-te como quem escuta uma melodia que toca ao coração.Falas-me com aquele tom de voz doce e terno que só tu sabes e eu sinto-me a flutuar à mercê das tuas palavras.É tarde e os meus olhos fecham de sono, mas sei que a conversa se avizinha longa e que a cama quentinha vai ter de esperar.
Sussuras coisas ao de leve, contas-me o teu dia, referes a chuva que apanhaste no caminho para a escola.Dizes que gostas de mim.Muito.Esperas que eu também te aconchegue o coração e te massage a alma com palavras doces.Acabo por pronunciar as palavras proibidas.
As minhas palperas descaiem e eu imagino-te aqui.Ao meu lado, enquanto me envolves no teu abraço.Arrepio-me e quando dou conta já não te estou a ouvir.
Adormeço.E tu também adormeçes.Murmuras coisas irrelevantes e sem sentido.Sonhas e divagas nessa nuance de pensamentos que não descodifico.Rimo-nos muito.Proferimos umas quantas palavras de saudade e de amor e despedimo-nos com beijos intermináveis.Mais uns quantos adeus, uns quantos risos, uns quantos silêncios, uns quantos múrmurios e por fim a despedida.Até amanhã meu amor.

[texto rebuscado ao meu subconsciente]

12.11.05

Grinalda de corações


Não existe apenas um momento, uma situação ou um dia mais feliz.Existem vários.E em todos eles, voçês estão presentes.Voçês que me escutam, que me acompanham, que me aconselham, que partilham comigo o dia-a-dia e os pequenos percalços que a vida tem.
Se sou feliz, devo-o em grande parte à devoção, ao carinho e ao amor que recebo dos que me rodeiam.
Para mim, verdadeiras amizades são de extrema importância.Tenho um círculo de amigos não de grande tamanho mas de grande sentimento.Ao meu lado, tenho aqueles de quem gosto e por quem nutro algo de indestrutível.Hoje não é um dia especial, mas os amigos lembram-se sempre e a toda a hora.
Não há dúvidas.Tenho as melhores amigas do mundo.

5.11.05

A Casa

A luz começava a quebrar e as sombras avançavam sobre a casa branca de infância.A casa que ela tão bem conhecia.A casa das brincadeiras de criança, a casa dos refúgios naqueles dias de adolescência, em que a vida lhe dava um pontapé particularmente duro.
O ar, o ambiente, o cantar dos pássaros, tudo permanecia igual.As portadas verde-garrafa das janelas esperavam-na abertas, como se ela fosse uma filha antiga.As memórias eram fortes e o bater do coração era suave.
Atrás da casa, entre os jardins de bungavílias, estendia-se o pátio.As pedras antigas estavam agora mais gastas, mas ainda assim guardavam os risos, as correrias, as quedas e a nostalgia que sempre ali encontrava de cada vez, que se sentava no chão coberto de hera.
Tinha prometido a si mesma, só trazer aquela casa um Ele que soubesse amar em silêncio e falar com as mãos.
Quando ele apareceu, ofereceu-lhe mais do que amor e mais do que gestos.Ela retribui-lhe da melhor forma que sabia.Levou-o à casa de infância, à casa que tinha a chave dela.A chave da menina que ela tinha sido, era e sempre seria.Olhavam-na agora em silêncio, de mãos dadas absortos à realidade envolvente.
E era assim, que ali iam permanecer.A guardar o pátio com o olhar e a lançar sobre ele toda a nostalgia e intimidade que existia entre eles.Porque era ali que se sentiam bem e porque era ali que queriam estar.

3.11.05

Tu ou tu?

Admiro-te pelo que és.Pelo que demontras ser, pelo que fazes, pelo que dizes e pela forma suave e ao mesmo tempo sarcástica com que escutas.Mas também tenho receio.
Assusta-me a quantidade de tu´s que guardas dentro do peito.Não percebo o porquê de não os mostrares, ou se calhar até percebo.Talvez será porque não sentes tudo à flor da pele como eu, que sou toda feita de coração.Já tu, és uma pessoa fria e cerebral, que vê e pensa tendo sempre por base, a lógica e a razão.Também sabes ser doce, mas nunca, nunca baixas a guarda.Foges dos sentimentos, como uma criança assustada foge do infantário ou da primária, ou se preferires, agarras-te às tuas convicções, tal como as crianças se agarram às pernas e às calças dos pais, nos primeiros dias de escola.
E isso confunde-me.Todos esses tu´s que tu tanto reprimes de cada vez que estamos juntos embaciam tal qual a névoa, a clareza de espírito que tanta falta me faz.É como se o dia chuvoso de hoje se instala-se na minha alma, entendes?
Todavia não me impedem de ao mesmo tempo, gostar do tu que conheço.A questão é, então, Tu ou tu?
A resposta não sei.Sei sim e, isso também importa, que o teu "Eu" completo é fascinante e que de vez em quando, poderias e deverias soltá-lo.Dar-lhe-ia auto-estima e faria com que tu próprio te sentisses bem.No fim de contas, tudo isto vem a propósito de uma mera interrogação, Qual foi a última vez que te vi sorrir de verdade? *

27.10.05

Teoria do Caos.







"Sempre que a tua boca encontra a minha, uma borboleta bate as asas dentro da minha barriga."

26.10.05

Costuma-se dizer que a adolescência é a idade de todos os perigos.Eu considero-a a idade de todos os desafios.É como se nascessemos outra vez.Implica crises, choros, quedas e a ideia fixa de que o mundo acaba e recomeça várias vezes ao dia.
A adolescência é como se fosse um intervalo entre a infância e a vida adulta.Cometem-se as maiores loucuras, seguem-se os impulsos mais estranhos, vive-se a vida de improviso e ama-se.Ama-se muito.E sonhar então, nem se fala.É um período de aprendizagem e crescimento.Construirmo-nos enquanto pessoas não é tarefa fácil, e o amadurecimento da personalidade de cada um em sociedade, é um trabalho árduo e contínuo.
Estou a crescer.Sei-o e sinto-o.Olho para trás e vejo o quanto cresci.Sinto-me uma rapariga com ideias mais sólidas e mais consistentes, com mais responsabilidade no modo como levo a vida.Aprendi à custa de erros, de irresponsabilidades e de muitos tombos que dei.O meu coração já sofreu vários pontapés, a minha vida já esteve muitas vezes do avesso e eu tenho muitas vezes um montão de ideias para assimilar.Mas de todas essas vezes descobri uma força dentro de mim.E cada vez mais acredito que todos a temos.
Sinto-me bem comigo mesma.O meu mundo vai continuar a dar muitas voltas, até que encontre um ponto de equilíbrio.Mas eu sei que tenho raízes sólidas a rodearem-me.Elas entrelaçam-se em mim e dão-me força.
Já não sou tão imatura, tão infantil nem banalizo os sentimentos, as pessoas, as situações como fazia à uns anos atrás.Continuo a ter ânsia de descobrir, de aprender coisas novas.Mas a vontade de desbravar o mundo num só grito já passou.
Os "verdes anos" ou a "idade do armário" não são mais de que a melhor fase das nossas vidas.Resta-nos saboreá-la e aproveitá-la ao sabor das marés e das correntes.Temos que nos deixar levar com a consciência de que quem erra é humano e que quem luta, sofre.Mas acima de tudo sabendo que todas as coisas têm o seu próprio tempo e o seu próprio espaço.Não interessa termos pressa em crescer... Um dia todos lá chegaremos.


22.10.05


Preciso que alguém me dedilhe a alma e que dela retire os seus melhores acordes...

14.10.05

Amor?

Sim.Talvez não da forma como estejas habituado a conhecê-lo, nem da forma como eu esteja habituada a senti-lo.Mas sabes, no vão das coisas ditas e não ditas, os silêncios cruzam-se e admitem que à mais a existir entre nós do que uma simples amizade.E prevêm um futuro com coisas bonitas se não de mãos dadas, pelo menos lado a lado.
E, é por isso, que (re)aparece o brilho no olhar, o tão esperado sorriso, a tão esperada palavra sussurada ao ouvido...Os momentos passados contigos são simples, mas eu levo-os comigo onde quer que vá.Eu e tu não para sempre, mas por agora.No instante, no momento, sinto-me bem ao teu lado.E bem, o para sempre...o para sempre não existe.Nada dura eternamente, mas eu acredito que existem coisas que perduram e resistem a todas as estações e a todas as outras coisas.
Hoje, só me apetece experimentar a arte do sentir.Numa noite fria de Outono, depois de um jantar que espero animado, o teu toque seria bem recebido.Reconfortaria e faria-me sorrir ainda mais.
Ando feliz.Sem qualquer razão aparente encontro-me numa maré de alegria.Estou positiva, cheia de altruísmo (o que por vezes irrita) e com um sorriso nos lábios.Podia desfiar-vos um rol de sentimentos, de sensações, de imagens, que me povoam a consciência.Mas não.Não quero que olhem para mim.Não quero que me julguem, que me sintam ou percebam.
Só me apetece dar beijinhos, abraçinhos, sorrir, sorrir e rir...Rir muito.Quero distribuir ternura, carinho e amor.
Vou começar por ti.O nosso amor não se baseia em desejos carnais.É muito mais do que uma simples atracção física.Mas bate cá dentro.Tanto que até provoca uma comichão na barriga.E sabe bem.
De cada vez que quero fugir deste mundo sei que posso correr para o teu abraço fiel.Conheces-me e sabes-me bem.Estas linhas não são mais do que uma prece dirigida a um ser ou uma entidade divina para que eles nunca te afastem de mim.De cada vez que quiser, espero encontrar-te aí.No lado esquerdo do peito.

13.10.05

Óculos de Sol.

Usam-se óculos de sol para se protejer os olhos dos raios de Sol, para se segurar o cabelo ou aquela madeixa que teima em cair.Usam-se óculos de sol porque é moda usá-los, principalmente se forem "in", isto é, se forem da "moda".Usam-se óculos de sol para esconder aquela lágrima que teima em cair em dias menos bons; usam-se óculos de sol porque às vezes o reflexo da nossa própria imagem neles, serve-nos de espelho.Usam-se óculos de sol para ver melhor ao longe ou ao perto (se as lentes forem graduadas); usam-se óculos de sol para se observar aquele ou aquela que está na mesa do café ao nosso lado, sem que o(a) mesmo(a) se aperceba.Usam-se óculos de sol para disfarçar as olheiras de uma noite mal dormida ou bem passada, mas com curtas horas de sono.
No meu caso, não uso óculos de sol.Olho para o mundo tal e qual como ele é, sem utensílios ou objectos que o modifiquem ou alterem em termos de cor.Não gosto de me ver de óculos de sol e sinceramente não acho que me façam falta.
Quanto a ti, já não digo o mesmo.Gostava de saber realmente o porquê de tu usares óculos de sol.Tens uns olhos demasiado expressivos para ficarem encobertos por essas lentes escuras que tu tanto teimas em usar.Acredito que te façam falta no Verão, quando os raios de sol teimam em trespassar tudo e todos.
Mas não no Outono, principalmente agora.O Sol que se tem feito sentir não tem sido forte, mas tu teimas em usá-los.Parece-me que tal facto só reforça a ideia de que os objectos exercem muito mais do que a simples função para a qual foram destinados.
Não gosto dos teus óculos de sol, ou se preferires não gosto de te ver com óculos de sol.Tornas-te frio, distante e um pouco convencido.Prefiro os teus óculos normais de massa azul que me permitem penetrar nos teus olhos sem que uma barreira escura se interponha entre mim e eles.

No teu caso, os óculos de sol, criam um fio invísivel entre nós.Mas tu, com a tua doçura tentas desfaze-lo ao tirá-los, ou ao colocá-los sobre a cabeça de cada vez que nos cruzamos ou nos encontramos.
E isso sabe bem, e leva-me a admitir que só embirro com eles por serem teus.Afinal, eles até te conferem uma certa piada...

9.10.05

: v i c i a d a :

"O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava.
era a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade."

José Luís Peixoto, in "A criança em ruínas"

*

6.10.05

Não sou somente uma imagem agradável e um sorriso bonito.Lamento se te desiludi ou decepcionei.Julgaste-me pela aparência, foste mesquinho, infantil.Não me conheceste minimamente bem, para diferenciares o que era eu do que era menos eu.
Achaste-me simpática? Oh, óptimo.Mas isso não te dá o direito de falares por mim ou achares que me lês os pensamentos.Fui simpática, mas não ao ponto de te abrir a porta do coração.
E tu não percebeste.Tentaste obter o que eu não te podia dar.O que eu não te queria dar.Interpretas-te mal aquilo que fiz ou disse.Segundas intenções?! Nunca as tive para contigo.Não sou sincera se disser que nunca tentei ser mais do que especial para alguém, mas contigo tenho consciência que não.
Sou competitiva.Assumo-o e sim, concordo quando dizes que as mulheres são demasiado competitivas entre si.Principalmente se competem tendo por meta o alcançe de um objecto masculino (if you now what i mean).
Mas também somos seres maravilhosos, repletos de encantos e mistérios, fortes quando ninguém espera, e fragéis dentro de nós mesmas, na escuridão que ensombra a parede dos quartos.Sabemos iludir quando não amamos, mas quando amamos entregamo-nos sem defesas.No fundo o que nos move, talvez também o que mova os homens, é o desejo de sermos amadas.Pelo que somos, pelo que fazemos, pelo que dizemos, pelo que temos, não importa pelo quê.Queremos alguém que nos protega, que nos dê um beijo ao rair do dia, que nos dê outro ao anoitecer.Que nos dê a mão para nos sentirmos seguras, que nos sorria quando tudo estás negro ou quando tudo está brilhante, que nos ajude a atravessar a estrada ou o jardim simplemente.Queremos alguém que pegue em nós, nos complete e nos transforme em algo melhor.É isto que queremos.
E isto tu não sabes.És demasiado criança, demasiado leviano para entender a entrega do Amor.Crucificaste-me porque não te liguei da forma que querias.Desculpa mas se o fizeste, é porque mais tarde ou mais cedo, acabarás por te crucificar a ti mesmo.Podes repetir vezes sem conta que sou competitiva.Faz parte da minha natureza enquanto mulher.Tento contraria-la nas pequenas coisas, mas nem sempre sou bem sucedida.Mas não és tu que me vais dar lições de moral.Para mim, o que dizes não tem consistência, é simplesmente um "bléblá" que ouves e dizes de cor, à espera que alguém concorde contigo.Tenho opinião própria e tento construir a minha pessoa tendo por base valores e ideais em que acredito.Competição? Porque não?! Faz com que nos empenhemos mais para sermos bem sucedidos.Desde que não a leve ao extremo, acho que só aguça a vontade e ajuda ao sucesso.

5.10.05

Leitura obrigatória que por vezes, se torna bem apetecível...

"São os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, o próprio e único céu."

"Já sabemos que destes dois se amam as almas, os corpos e as vontades, porém estando deitados, assistem as vontades e as almas ao gosto dos corpos."

in Memorial do Convento

24.9.05

.Sagitário.

"Os sagitarianos são uma singular combinação de inteligência e engenho que somado ao grande ímpeto que põem nos seus actos os transformam em arqueiros que quase sempre acertam na "Muge".
Gesticuladores, faladores e directos não se privam de se expressar às claras.O seu optimismo reflecte-se na expressão.Os olhos são geralmente vivos e ternos, o rosto é comprido e oval, com uma testa larga e alta.Os lábios são firmes quase sempre prontos para um sorriso.
De carácter inquieto e confiança em si mesmos, deixam-se atrair pelo perigo e, como eternos idealistas, reclamam as injustiças, sentido um verdadeiro desdém pelo comportamento convencional.
Confidentes naturais, embora nem sempre consigam guardar segredo os sagitarianos possuem uma presença forte, vital com muita extroversão.Boa fé é coisa que não se lhes pode negar e a sua intenção é sempre a melhor.
Brandos, generosos, simpáticos e encantadores, é natural que tenham montões de amigos que lhes querem de verdade, mas de quando em quando o sagitariano aponta o arco e acerta uma "flechada", mas está provado, Não mata Ninguém!...(às vezes)."

Acreditas na Astrologia? ;)

23.9.05

*

E hoje perdi-me no infinito dos teus olhos.Cinzentos com uma pitada de verde claro à mistura...Doces, ternos e brihantes.Foram eles que me restituiram o sorriso ao rosto, foram eles que me fizeram confiar no amanhã.
E enquanto escrevo estas linhas é a imagem deles que tenho em mente.Cinzentos, amendoados, esverdeados e com um toque de castanho claro a trespassar-lhes a íris.O castanho claro só se nota bem quando te encontras na direcção do sol, a rir muito ou a sorrir com a cara toda.Reparei hoje.Estranho não é? Olhar para ti num dos intervalos e fixar-te o olhar.
Rio-me quando me dou conta da insignificância da situação.Mas bolas eu achei-os tão bonitos que não podia deixar de referi-los.Conferem-te um olhar espontâneo e verdadeiro miudo.E é verdadeiramente delicioso senti-los pousados em mim...

22.9.05

Feel like shit.

15.9.05

Sopro do Coração...

Sim o amor é vão É certo e sabido Mas então (porque não) porque sopra ao ouvido O sopro do coração Se o amor é vão Mera dor Mero gozo Sorvedouro caprichoso No sopro do coração... Mas nisto o vento sopra doido E o que foi do corpo num turbilhão Sopra doido E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão Nisto já nem do ar precisas Só meras brizas, Raras Raras Raras Corto em dois limão Chego ao ouvido Ao fresco Ao barulho Á acidez do mergulho No sangue do coração Pulsar em vão É bem dele É bem isso E apesar disso eriça a pele No sopro do coração...

Clã - Sopro do Coração

13.9.05

Eu...

Adoro conversar mas também preciso do silêncio e de tudo aquilo que ele tem em si;
Gosto de ser directa com as pessoas mas não gosto de as magoar;
Oiço de tudo um pouco mas o que oiço tem de mexer comigo e tocar-me ao coração;
Adoro escrever mas muitas das vezes perco a paciência e só sai merda;
Sou uma pessoa aberta q.b. mas detesto que se metam na minha vida;
Sei ser extrovertida especialmente com quem conheço mas às vezes coro e fico envergonhada;
Não rio nem solto uma gargalhada com extrema facilidade mas sorrio com a cara toda, muitas vezes ao dia e muitos dias;
Não sou extremamente fútil mas preciso das minhas pequenas vaidades;

Tenho paciência que chegue para ouvir mas não gosto que abusem dela;
Falo muito e na maior parte das vezes não digo nada de jeito mas sei ouvir e compreender quando é preciso;
Confesso-me orgulhosa mas assumo os meus erros e perdoo facilmente;
Derreto-me com pessoas simpáticas e cultas mas fico de pé atrás quando o tentam ser sem o serem;
Sou refilona mas adoro que me dêm miminhos, abraçinhos e beijinhos;
Adormeço muito bem mas tenho mau acordar;
Ajudo e confio quando acho que assim devo fazer mas não suporto que me mintam;
Preciso dos meus amigos para ser o que sou mas não gosto que me tentem moldar à sua maneira ou conforme lhe convém (estes não são amigos);
Quero ser independente mas quando as coisas não correm bem, é à mamã que recorro e é a ela que peço ajuda;
Sou impulsiva e sensível mas a cada dia que passa tento controlar melhor as minhas emoções e os meus sentimentos;
Tento viver a Vida o melhor que posso atirando-me de cabeça e arriscando mas cada vez mais, tenho consciência de que vale a pensar pensar mais do que uma vez antes de agir;
Gosto de ser como sou mas por vezes a voz na consciência irrita-me...

11.9.05

E hoje deu-me vontade de escrever palavras bonitas, palavras apaixonadas, palavras lamechas direccionadas a alguém.A ti, a ti, a ti, e somente a ti.
Arrelia-me o facto de não conseguir controlar as emoções e os sentimentos.Será assim tão difícil?! Para mim é.
Apetece-me escrever disparates que depois me façam corar de vergonha.Quero escrever por escrever, para acalmar a carência que sinto.Enquanto não consigo, suporto tudo isto que trago cá dentro.E são coisas tão parvas que logo que me sento a olhar para o ecrã, a vontade esmorece e as palavras não saem.Mas depois abro a minha playlist e, vêm as músicas e com elas as letras cheias de amor.E a seguir entro no msn e deparo-me com frases românticas.Merda!Será que hoje tudo o que oiço e vejo vem impenegrado de amor?
Não quero um namorado.Estou bem como estou e sinto-me bem assim.(Repito isto tantas vezes que até me sinto ridícula.)Mas de vez em quando tenho saudades...não duma pessoa em concreto, mas dos sorrisos, dos olhares cúmplices, das carícias, da entrega num simples olhar.Dá vontade de ter o mundo outra vez na mão, entendes? Oh, não tu não me entendes.Nunca me entendes.És a moleza que me acompanha, enquanto me denuncia os gestos, os olhares, os desejos, os movimentos.Será que me denunciaste hoje nas conversas banais? E no outro dia nos olhares meio desviados, no concerto? Será?! Espero que não.Não valeria a pena.Dar a entender algo que não quero ou dar indícios que quero aquilo que não quero, é aquilo que menos quero fazer.Frase confusa, tal como eu...Enfim estou carente.De verdade?, perguntas-me tu.Responde-te a minha mão a deslizar pelo teclado...Escreve um sim silencioso e singelo.Sim, acho que é isso.Se não, qual seria a razão para um texto tão absurdo e tão mimado como este? Bolas tenho tanta coisa boa!Para quê, tudo isto?!
Não sei e, enquanto escrevo estas palavras a música que me acompanha, ainda mais me intensifica a angústia.You ande Me, Lifehouse.Lifehouse tem-me preenchido os dias e todos os bocadinhos livres que tenho.E acho que vai continuar, pelo menos por hoje.Posso parecer maluca mas ao mesmo tempo que quero alterar a playlist, não quero.Afinal, gosto das músicas e sempre posso imaginar uma história com um final feliz daqui a algum tempo.Até lá percorro a estrada que me direccionará a ti.A ti, que és o meu príncipe encantado ou sapo imaginário que, às vezes, eu tanto desejo.
Não liguem, devaneios destes ocorrem-me todos os dias...

10.9.05

"Renascer"

"O espaço e o tempo, dois infinitos que se estendem para além de todas as coisas.As pessoas que estão perto e vão ficando cada dia mais próximas.A voz, os risos, o olhar.As mãos que falam, os silêncios que dizem, os gestos que traduzem.O prazer de estar ali e não em outro lugar.(...)

Marguerite Yourcenar escreveu um dia que "o Outono e o Inverno limpam tudo pelo vazio e pelo vento" e é também essa a grandeza da vida.A possibilidade de fazer de novo, de limpar tudo e recomeçar.De poder renascer.

Tudo passa e tudo se esquece ou transforma e é bom saber que acima das montanhas existe luz sobre azul e, debaixo desse imenos céu, permanecem intactas muitas coisas e muitas pessoas.Nem tudo se perde, portanto.

E depois há os momentos em que as palavras se sentem e as emoções se calam.Há a fragilidade dos dias e uma força indecifrável que nos empurra e faz caminhar.(...)

E é na abstracção das horas de um tempo que parece suspenso que pressinto que não temos apenas um lugar no mundo."

in Renascer, Xis Ideias para Pensar, de Laurinda Alves


Amo a escrita de Laurinda Alves.Este livro é um dos meus predilectos.Quando o li percebi que ia ser mais um dos livros que me acompanha onde quer que eu vá.Assim, relei-o sempre que sinto necessidade.Hoje apeteceu-me e resolvi postar parte da crónica que li.Acho que nos próximos tempos, postarei mais excertos deste livro e de artigos da revista Xis.