26.2.06

(L)-te

O melhor que em nós existe não é nosso. Não depende de avaliações, porque não resulta daquilo que sabemos, do que conquistámos ou do que podemos apropriar-nos. Por isso, amar é dar o melhor de nós mesmos. Quanto mais usufrímos do que somos e temos, sem reclamar pelo que não nos é dado, mais inteiros estamos e mais verdadeiro pode ser o amor, que através de nós, se espalha.
Há uma grande diferença entre apreciar a companhia de alguém e amar essa pessoa: olhá-la tal como ela é, independentemente do lugar que ocupa no mundo, da forma como orienta a sua vida e do facto de nos ser útil seja em que campo for. Por conseguinte, só a partir desta consciência, desta linha, ténue na maioria das vezes, que separa ambos os factos, percebemos que, para que o verdadeiro amor possa fluir por entre as malhas e incertezas da nossa vida, temos de ir aprendendo a despojar-nos da necessidade de pessoas que apenas gostem de estar conosco.
Embora, não possua grandes filosofias e experiências de vida, tenho a minha própria concepçcão sobre o amor. O verdadeiro, aquele que nos ensina, nos estimula, regenera e faz viver feliz, é o que sai de nós, por si só. É ao mantermos o nosso coração aberto que os outros podem recebê-lo, porque o verdadeiro amor é algo que, ao transbordar, preenche espaços vazios não porque o vazio o atraia, mas por ser inesgotável.
Em suma, é através da nossa pequenez que podemos dar e receber algo de grandioso, de ilimitado, de sem fim. Amar é essa abertura total do coração que nos permite deixarmo-nos assim conduzir. E, é por isso, e para isso, que importa dizer de forma tranquila e serena: Isto é o que eu sou. Hoje. E é para esta pessoa - não para nenhuma outra idealizada - que tenho de olhar sem fugir de nada que dela faça parte. Porque só aprendendo a amá-la cada vez com menos medo, poderei espalhar à minha volta, cada vez mais, o amor sem fim que em mim existe e que é, precisamente, o que me faz ser aquilo que sou. Hoje, amanhã e por aí adiante.

adaptado de "outra porta", por Maria José Costa Félix, Revista Xis

19.2.06

Estupidamente irresistível

- És tão formal...
- Porque é que dizes isso?
- É a forma como falas, como te explicas, medes e ponderas todas as palavras antes de dizeres alguma coisa...és muito sério.
- Pois, talvez seja. Mas isso é necessário, não achas?
- Acho, claro que acho. Moderação qb é sempre precisa. Senão estarias sempre a escorregar, a tropeçar nas malhas do coração e a dizer parvoiçes como eu...
- Parvoiçes?!
- Sim, do género da que te disse ainda à instantes...
- Aquela teoria estranha? (esboça um sorriso sarcástico e irónico)
- Não é estranha. Faz simplesmente sentido. Se eu soubesse porque é que gosto tanto de ti não gostava, entendes? É como te digo, gosta-se e pronto.

17.2.06


Eu quero estar lá quando tu tiveres de olhar para trás. Sempre quero ouvir aquilo que guardaste para dizer no fim. Eu não te posso dar aquilo que nunca tive de ti, mas não te vou negar a visita às ruínas que deixaste em mim. Se o nosso amor é um combate então que ganhe a melhor parte. O chão que pisas sou eu. O nosso amor morreu quem o matou fui eu.

Amor Combate*

16.2.06


Não disse nada porque não havia nada para dizer, amordacei as horas por preencher. Não disse nada porque não havia nada para dizer, eventualmente o peito deixa de doer. Hoje toquei num avião sem tirar os pés do chão. Não me deixes ver. Para além de ti não faz sentido.

Linda Martini, Lição de Voo nº1

10.2.06

Agradecimento/Desafio

Quero deixar uma palavra, um simples gesto, mas talvez capaz de resumir e esboçar aquilo que sinto, áqueles que lhes é dirigido, o meu total agradecimento pelas palavras (também elas simples) que por aqui deixam. Não sei, se sabem o que isso significa para mim, mas em todo o caso significa muito e, em muitos casos, as palavras enchem-me e preenchem-me. Obrigada. Um agradecimento particular à Rita do gxxvn e à segurademim.


E agora o desafio:

A segurademim, desafiou-me a enumerar cinco dos meus hábitos mais estranhos. Bem, confesso que tenho imensas manias ditas estranhas, mas aqui vão as que me ocorrem no momento:

1. Ler sempre a última frase de cada livro que leio. E se achar interessante e cativante, leio mais um pouco e "saltito" por entre as páginas, seguindo muito poucas vezes, a ordem dos capítulos.

2. Aumentar o volume da aparelhagem, do rádio do carro, do leitor de cd´s e afins, sempre que passa uma das minhas músicas preferidas. E cantá-la bem alto tendo consciência que a minha voz é uma completa cana rachada.

3. Apagar sempre, sempre sempre as "beatas" ou pontas dos cigarros que as pessoas inadvertidamente deitam para o chão.

4. Elogiar as pessoas, tecer-lhes comentários, favoráveis ou desfavoráveis admito, quase sempre no momento em que passam por mim. O que por vezes pode ser entendido da forma errada, mesmo que tenha sido dito com a melhor das intenções.

5. Enrolar aquele caracol que teima em estar fora do sítio (acabei de fazê-lo agorinha); ter sempre as persianas, portadas ou como lhes quiserem chamar meio entreabertas, mas mais ao cair para o fechadas nos horários das refeições, porque tenho sempre a vaga sensação de que os outros inquilinos dos prédios da frente poderão observar-me.

E agora, não passo o desafio a ninguém em particular. Quem quiser responder ou continuar enumerando cinco dos seus hábitos mais estranhos está à vontade. Eu só posso dizer-vos que até é divertido. *

3.2.06

Lá fora o mundo pode estar cinzento, pode fazer frio e vento, o céu pode querer desabar sobre as nossas cabeças mas a luz que vem dos teus olhos aquece mais que mil abraços. As tuas palavras têm aquele toque e aconhego especial que me lembra as tardes da minha infância quando no Inverno, a neve cobria toda a cidade. Sabes meu amor, com esse teu sorriso doce abres as portas à magia e eu abro-te as portas do meu mundo.
Quando te conheci decidi não pousar as mãos no teu corpo sem te sentir o coração. E não me arrependo, mas às vezes tenho medo. Sabes, tenho medo de não saber se sei amar. Quando nos conhecemos fizeste-me sentir que não pertencia aqui. Disseste que eu desejava demais, que criava expectativas que sairiam frustadas, sem sequer me dares qualquer hipótese para tentar ver se os nossos amores se tocavam. Foi tão confuso. Trouxes-te pessoas e nomes para a história que juntavas a trabalho, falta de disponibilidade e tempo para construir algo. Parecia que querias que eu abdicasse daquilo que sou. Porque eu sou aquilo em que acredito, aquilo que faço, penso e sinto. E eu sempre acreditei naquilo que sentia.
Portanto quando olho para trás e vejo que afinal valeu a pena não seguir a multidão errante, o rebanho que acha parvoiçe insistir e persistir numa felicidade de criança, sinto-me em paz. Hoje, e todos os dias em que mergulho no dourado dos teus canudos e devoro com o castanho dos meus olhos o azul-mar dos teus, só consigo sorrir. Sinto o sangue a circular mais rapidamente, a minha voz perde-se no emaranhado de palavras que te quero dizer e... acho que te amo. Com a solenidade e a plenitude que me permite dizer que o meu coração te pertence e que as minhas coisas, ao serem minhas são tuas também. Por isso, encosta-te ao meu peito e sonha... Prometo que não te arrependerás.