20.7.05

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"4. Há tantas coisas que nunca te disse - e dizias tu que eu falava demais.Flutuo por este noante em busca dessas palavras a menos, atravessadas entre nós como um longo corredor de prisão.Em vida, sussurava: não te perdoo o que não soubeste saber de mim.Este noante revela-me a verdade invigada: não me perdoo o que não soube verter de mim." (...)

"6. (...) Eu só queria ver de que material era feito o teu amor por mim.Precisava de escangalhar o teu coração para o fazer encaixar no meu.E agora tenho que o desencaixar outra vez para sair deste limbo.Mas não sei como.Sem o teu coração não consigo amar - não me abandones outra vez.Logo eu, que amava o mundo inteiro, não é? Amar em abstracto é muito mais ágil do que amar em concreto."

Excertos in "Fazes-me Falta", de Inês Pedrosa.Porque eu leio, releio e nunca me canso de ler...

17.7.05

Sorriso.

Na esquina de uma rua deserta o amor acaba.A tua mão segurava o cigarro, enquanto tu inalavas o fumo, tentando recuperar o tempo perdido.Eu tentava esconder a ansiedade não te olhando nos olhos.O fumo enebria a escuridão da noite, provocando um nevoeiro à nossa volta.Não estava frio, mas mesmo assim abraçei-te.Senti pela última vez o calor do teu coração.Do teu corpo, aquele que tantas vezes estivera colado ao meu.Afastamo-nos e após um breve silêncio que pareceu escasso para recordar numa espécie de flash tudo aquilo que vivemos, a tua mão desprendeu-se da minha.Era o fim da união de dois seres que agora se encontravam sozinhos.Com os olhos lacrimejantes, virei-me e afastei-me.Não olhei para trás, mas tenho a sensação que tu ficaste lá, parado, até que, me viste desaparecer na escuridão reflectida no candeeiro de pé alto, que demarcava que a rua tinha acabado.A rua e um pedaço de mim.
Passaram-se cinco meses e de cada vez que cruzo aquela esquina, tenho a certeza que o teu sorriso nunca me abandonará.Aquele sorriso largo, cativante que sempre me animou.Por não o ter vislumbrado naquela noite, é talvez a melhor lembrança que tenho.E, é essa, que vou continuar a relembrar e a recordar.Porque o amor acabou mas o sorriso permaneceu.

14.7.05

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"Depois de algum tempo aprendes a diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.Aprendes que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre é confiança.E começas a aprender que beijos não são contratos, presentes não são promessas.E não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas de perdoá-la por isso.Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pró resto da vida.Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.E o que importa não é o que tu tens na vida, mas sim quem tens na vida.Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa, por isso devemos sempre deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vemos.Aprendes que paciência requer muita prática, aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar, mas isso não te dá o direito de seres cruel.Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém.Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em, algum momento, condenado.Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar atrás.Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores...E percebes que realmente podes suportar, que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida."