7.12.11

Balançar

"Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço e sair...

Pedes-me um sonho,
para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho,
só dos de voar.

Agarras a minha mão com a tua mão
e prendes-me a dizer que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver o que a noite esconde
e não ter, nem sentir, o vento ardente a soprar o coração...

Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
se o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede e tens de abrir as mãos.

Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.
E agarras a minha mão com a tua mão
e prendes-me
e dizes-me para te salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer, mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver o que a noite esconde e não ter nem sentir o vento ardente a soprar o coração."

Mafalda Veiga (com a participação de Tiago Bettencourt)
Grande letra, grande música :)



Desabafo

Os afectos são imprevisíveis. Constroem-se, aos poucos, laços e pontes. Diz-se que da paixão, se constrói o amor. O tal amor, a tal pessoa, que todos procuramos. Eu julgo ter encontrado a minha. Mas uma inquietude de "ses" trespassam-me o peito. Estou triste, desconsolada e desiludida. É acima de tudo, desiludida. Decepcionada de acreditar tanto, de querer tanto, de amar tanto e de sonhar tanto. A intuição feminina diz-me, de há uns tempos para cá, que há qualquer coisa que não está bem. Esta inquietude que me assola e atormenta, tira-me a paz de espírito. Fere-me, magoa-me e eu torno-me fria. Distante, ciumenta, calada, com tiradas sarcásticas. Não me sinto bem comigo mesma e, inevitavelmente fico diferente com os outros. Peço sinceridade, doçura, compreensão, respeito, mas acima de tudo sinceridade. Se tiver que ficar por aqui, que fique. Não quero é iludir-me, pensar no que não devo e andar cabisbaixa. Quero sorrir, ser feliz e viver. Tenho uma família que adoro, amigos, um emprego e um namorado que diz amar-me. Quero acreditar, quero poder fechar os olhos e dormir em paz. Não ficar estranha. Numa época de partilha e entrega, as luzes de Natal, o amor que une as pessoas, acredito que me ajudará a ultrapassar isto. Que se arrasta à uns meses, me mói, me consome e me diminui. Quero recuperar forças, energias e "recarregar baterias". Uns dias em casa (home sweet home), que é o meu coração, afastar-me um pouco do resto, terá que fazer-me bem. Nada de pensar, remoer e imaginar. Viver o hoje, o presente e desligar-me do resto. Pensar em mim, nos meus, no que me faz feliz. Promessa de mim, a mim mesma hoje. O que tiver de ser, será.