26.2.06

(L)-te

O melhor que em nós existe não é nosso. Não depende de avaliações, porque não resulta daquilo que sabemos, do que conquistámos ou do que podemos apropriar-nos. Por isso, amar é dar o melhor de nós mesmos. Quanto mais usufrímos do que somos e temos, sem reclamar pelo que não nos é dado, mais inteiros estamos e mais verdadeiro pode ser o amor, que através de nós, se espalha.
Há uma grande diferença entre apreciar a companhia de alguém e amar essa pessoa: olhá-la tal como ela é, independentemente do lugar que ocupa no mundo, da forma como orienta a sua vida e do facto de nos ser útil seja em que campo for. Por conseguinte, só a partir desta consciência, desta linha, ténue na maioria das vezes, que separa ambos os factos, percebemos que, para que o verdadeiro amor possa fluir por entre as malhas e incertezas da nossa vida, temos de ir aprendendo a despojar-nos da necessidade de pessoas que apenas gostem de estar conosco.
Embora, não possua grandes filosofias e experiências de vida, tenho a minha própria concepçcão sobre o amor. O verdadeiro, aquele que nos ensina, nos estimula, regenera e faz viver feliz, é o que sai de nós, por si só. É ao mantermos o nosso coração aberto que os outros podem recebê-lo, porque o verdadeiro amor é algo que, ao transbordar, preenche espaços vazios não porque o vazio o atraia, mas por ser inesgotável.
Em suma, é através da nossa pequenez que podemos dar e receber algo de grandioso, de ilimitado, de sem fim. Amar é essa abertura total do coração que nos permite deixarmo-nos assim conduzir. E, é por isso, e para isso, que importa dizer de forma tranquila e serena: Isto é o que eu sou. Hoje. E é para esta pessoa - não para nenhuma outra idealizada - que tenho de olhar sem fugir de nada que dela faça parte. Porque só aprendendo a amá-la cada vez com menos medo, poderei espalhar à minha volta, cada vez mais, o amor sem fim que em mim existe e que é, precisamente, o que me faz ser aquilo que sou. Hoje, amanhã e por aí adiante.

adaptado de "outra porta", por Maria José Costa Félix, Revista Xis

19.2.06

Estupidamente irresistível

- És tão formal...
- Porque é que dizes isso?
- É a forma como falas, como te explicas, medes e ponderas todas as palavras antes de dizeres alguma coisa...és muito sério.
- Pois, talvez seja. Mas isso é necessário, não achas?
- Acho, claro que acho. Moderação qb é sempre precisa. Senão estarias sempre a escorregar, a tropeçar nas malhas do coração e a dizer parvoiçes como eu...
- Parvoiçes?!
- Sim, do género da que te disse ainda à instantes...
- Aquela teoria estranha? (esboça um sorriso sarcástico e irónico)
- Não é estranha. Faz simplesmente sentido. Se eu soubesse porque é que gosto tanto de ti não gostava, entendes? É como te digo, gosta-se e pronto.

17.2.06


Eu quero estar lá quando tu tiveres de olhar para trás. Sempre quero ouvir aquilo que guardaste para dizer no fim. Eu não te posso dar aquilo que nunca tive de ti, mas não te vou negar a visita às ruínas que deixaste em mim. Se o nosso amor é um combate então que ganhe a melhor parte. O chão que pisas sou eu. O nosso amor morreu quem o matou fui eu.

Amor Combate*

16.2.06


Não disse nada porque não havia nada para dizer, amordacei as horas por preencher. Não disse nada porque não havia nada para dizer, eventualmente o peito deixa de doer. Hoje toquei num avião sem tirar os pés do chão. Não me deixes ver. Para além de ti não faz sentido.

Linda Martini, Lição de Voo nº1

10.2.06

Agradecimento/Desafio

Quero deixar uma palavra, um simples gesto, mas talvez capaz de resumir e esboçar aquilo que sinto, áqueles que lhes é dirigido, o meu total agradecimento pelas palavras (também elas simples) que por aqui deixam. Não sei, se sabem o que isso significa para mim, mas em todo o caso significa muito e, em muitos casos, as palavras enchem-me e preenchem-me. Obrigada. Um agradecimento particular à Rita do gxxvn e à segurademim.


E agora o desafio:

A segurademim, desafiou-me a enumerar cinco dos meus hábitos mais estranhos. Bem, confesso que tenho imensas manias ditas estranhas, mas aqui vão as que me ocorrem no momento:

1. Ler sempre a última frase de cada livro que leio. E se achar interessante e cativante, leio mais um pouco e "saltito" por entre as páginas, seguindo muito poucas vezes, a ordem dos capítulos.

2. Aumentar o volume da aparelhagem, do rádio do carro, do leitor de cd´s e afins, sempre que passa uma das minhas músicas preferidas. E cantá-la bem alto tendo consciência que a minha voz é uma completa cana rachada.

3. Apagar sempre, sempre sempre as "beatas" ou pontas dos cigarros que as pessoas inadvertidamente deitam para o chão.

4. Elogiar as pessoas, tecer-lhes comentários, favoráveis ou desfavoráveis admito, quase sempre no momento em que passam por mim. O que por vezes pode ser entendido da forma errada, mesmo que tenha sido dito com a melhor das intenções.

5. Enrolar aquele caracol que teima em estar fora do sítio (acabei de fazê-lo agorinha); ter sempre as persianas, portadas ou como lhes quiserem chamar meio entreabertas, mas mais ao cair para o fechadas nos horários das refeições, porque tenho sempre a vaga sensação de que os outros inquilinos dos prédios da frente poderão observar-me.

E agora, não passo o desafio a ninguém em particular. Quem quiser responder ou continuar enumerando cinco dos seus hábitos mais estranhos está à vontade. Eu só posso dizer-vos que até é divertido. *

3.2.06

Lá fora o mundo pode estar cinzento, pode fazer frio e vento, o céu pode querer desabar sobre as nossas cabeças mas a luz que vem dos teus olhos aquece mais que mil abraços. As tuas palavras têm aquele toque e aconhego especial que me lembra as tardes da minha infância quando no Inverno, a neve cobria toda a cidade. Sabes meu amor, com esse teu sorriso doce abres as portas à magia e eu abro-te as portas do meu mundo.
Quando te conheci decidi não pousar as mãos no teu corpo sem te sentir o coração. E não me arrependo, mas às vezes tenho medo. Sabes, tenho medo de não saber se sei amar. Quando nos conhecemos fizeste-me sentir que não pertencia aqui. Disseste que eu desejava demais, que criava expectativas que sairiam frustadas, sem sequer me dares qualquer hipótese para tentar ver se os nossos amores se tocavam. Foi tão confuso. Trouxes-te pessoas e nomes para a história que juntavas a trabalho, falta de disponibilidade e tempo para construir algo. Parecia que querias que eu abdicasse daquilo que sou. Porque eu sou aquilo em que acredito, aquilo que faço, penso e sinto. E eu sempre acreditei naquilo que sentia.
Portanto quando olho para trás e vejo que afinal valeu a pena não seguir a multidão errante, o rebanho que acha parvoiçe insistir e persistir numa felicidade de criança, sinto-me em paz. Hoje, e todos os dias em que mergulho no dourado dos teus canudos e devoro com o castanho dos meus olhos o azul-mar dos teus, só consigo sorrir. Sinto o sangue a circular mais rapidamente, a minha voz perde-se no emaranhado de palavras que te quero dizer e... acho que te amo. Com a solenidade e a plenitude que me permite dizer que o meu coração te pertence e que as minhas coisas, ao serem minhas são tuas também. Por isso, encosta-te ao meu peito e sonha... Prometo que não te arrependerás.

21.1.06

(?!)

"Podia dizer-te muita coisa. Podia dizer-te que me corres no sangue como droga que injecto nas veias ao acordar. Podia dizer-te que a minha voz te procura na escuridão dos meus demónios. Que eles são tu. Que o teu nome está em todas as ruas e que o teu cheiro me sufoca as narinas quando o meu coração tenta respirar. Podia dizer-te que a metafísica das coisas deixa de fazer sentido quando te sinto o quente das mãos e o doce do olhar. Podia dizer-te que te sei de côr, cada milímetro de pele, cada traço do rosto, cada sinal escondido, cada impulso nervoso que te corre no corpo, cada arrepio de sangue que te passa na alma. Podia dizer-te que gosto de ti como quem gosta de gostar e que és o frasco da vida que desejo sorvir a conta-gotas. É, eu podia dizer-te muita coisa. Mas hoje não me apetece. Não me apetece morrer outra vez."

18.1.06

,

"É sempre de manhã, depois de acordar e antes de abrir os olhos, que tomo consciência das minhas fragilidades.
Era nessas alturas em que faço um balanço impiedoso de mim própria, que deveria tomar as grandes resoluções da minha vida; mas estou sempre ensonada demais para evoluir e depois de lavar os dentes já não há nada a fazer: calço com os sapatos a personalidade da véspera e moldo-me sem resistência àquela plasticina parecida comigo."

Rita Ferro

11.1.06

Cleaning up the heart...

"Os deslumbramentos a haver são das piores coisas que podem acontecer. E a mim, bem a mim acontecem-me a cada segundo, a cada minuto, a cada hora que passa. Que mania esta, que eu tenho de pensar que as coisas podem acontecer e surgir na ilusão do momento e durar para sempre.
Andei a viver demasiado tempo absorta em ti, no tempo que tu me davas e atiravas, quando querias e quando podias. Custa-me admitir mas é verdade. Não sou racional ao ponto de conseguir deixar-me ir só até determinada altura. Se me envolvo em algo, dou o melhor de mim ou aquilo que julgo ter de melhor.
Penso sempre com o coração nas mãos, sempre sempre sempre. Faz bem ao mesmo, abrir-mo-lo de vez em quando, limpá-lo, retirar certas recordações e armazenar tudo outra vez. Reciclar sentimentos se assim, se pode dizer. Então eu só estou a executar aquilo em que acredito. A armazenar as coisas, a guardá-las com carinho e ternura. (...) Como te disse no Natal, as pessoas importantes e os bons momentos que elas nos proporcionaram não se esquecem. Contudo, há coisas que quero apagar, deitar fora. (...)
O que posso ter sentido durante uns breves instantes (e que às vezes ainda sinto) quando olho para os teus olhos de um cinzento-esverdeado e me perco neles, mais não é do que a irrealidade do presente. Sê feliz, vive, brinca, faz o joguinho de sedução...mas pára de olhar para mim. Quando nos cruzarmos, falarmos ou simplesmente me vires, não me olhes de novo com o teu olhar terno e brilhante, senão ainda perco a coragem e deixo-me levar...
Fico presa aquilo que me dás, mesmo correndo o risco de depois, tu ficares sem reacção, ao não saberes o que fazer com esta rapariga que se entregou e caiu de pára-quedas nas tuas mãos."

*Começo a ter a coragem necessária para desenterrar certas coisas, olhar para elas uma última vez e encaixá-las no seu devido lugar definitivamente.

8.1.06

Coisas que não interessam a ninguém.

Gosto de música. Gosto de pessoas. Gosto de livros, de os devorar de um sôfrego, de os sentir por entre os dedos, de lhes sentir o cheiro a cada página, de imaginar os cenários, de me perder neles, de fazer noitadas e directas por eles. Gosto dos deslumbramentos a haver. Gosto de enrolar aquele caracol mais irrequieto do cabelo que teima em estar fora do sítio. Gosto de rapar o tacho dos doces e das compotas da madrinha. Gosto de acordar e comer umas torradas estaladiças acompanhadas de um bom sumo de laranja natural. Gosto de conversar por conversar. Gosto do prazer que me dá escrever mesmo que depois apague tudo. Gosto de sonhar. De acreditar, de imaginar. Gosto que gostem de mim. Gosto de pequenos amores, aqueles amores tranquilos, sem pressas, cheios de rotinas pequeninas, a preencher o vazio dos dias. Gosto de estar com os que me são mais próximos. Gosto de me prender nos olhos de alguém, de tentar perceber o que há por detrás do olhar. Gosto dos meus amigos. Gosto de ir na rua, no metro, no comboio a observar as pessoas, a imaginar e a inventar histórias onde as enquadro. Gosto de cheiros doces, sensuais, quentes, um pouco adoçicados. Gosto de um caneca de café fumegante ao acordar quando tenho vontade de saborear algo bom. Gosto de sorrisos com covinhas. Gosto que se apaixonem por mim. Gosto de estar apaixonada todos os dias como se fosse o primeiro. Gosto de cócegas. Gosto de beijos, dos mais longos aos mais demorados, dos mais inocentes aos mais elaborados, dos mais doces aos mais sedutores. Gosto da água quente do mar em dias de chuva. Gosto de dormir. Gosto de não ter horas para acordar. Gosto de alfazema, sandalo e outros tantos cheiros. Gosto de incenso. Gosto da relatividade e da perspectiva das coisas. Gosto de rir a bandeiras despregadas. Gosto de sorrir, de ser feliz e de fazer feliz o outro. Gosto das folhas que caem no Outono, de as pisar e ouvir um estalar suave. Gosto de castelos em ruínas, palácios, casas palacianas e antigas. Gosto de antiquários. Gosto de observar desenhos. Gosto de amenas cavaqueiras sem príncipio nem fim. Gosto do silêncio do campo. Gosto de desafios, de me tentar superar. Gosto de chorar. Gosto de ser caprichosa. Gosto de recordações, de memórias, de baús, de cheiros e tralhas velhas. Gosto de sotãos. Gosto de falar em voz alta. Gosto de viajar, conhecer novos sítios, novas pessoas. Gosto de fazer zapping. Gosto de nomes completos, datas de nascimento, signos e horóscopos. Gosto do bater das ondas do mar nas rochas ao entardecer ou logo de manhazinhã, quando a praia está quase deserta e todo o areal espera ser percorrido. Gosto de um banho relaxante, com sais e velas. Gosto da sedução, o joguinho ao qual ninguém escapa. Gosto de olhar para ti. Gosto de te sentir por perto. Gosto de sentir saudades, daquelas que apertam o coração, o definham e regeneram. Gosto de lencóis brancos, que na manhã seguinte à cama ter sido feita de lavado se encontram amarrotados devido ao enrolar nas minhas pernas durante a noite. Gosto de acreditar em coisas inocentes, infantis, ingénuas, simples. Gosto de adereços. Gosto dos meus ganchos com borboletas, elefantes, bonecas, às riscas que encontro na secção de ganchos e afins infantis. Gosto de flores, de cheiros campestres, de jardins cheios de vida e repletos de cor. Gosto que me mimem e me beijem. Gosto de fazer meiguices e de as receber. Gosto de abraços. Longos ou demorados, fortes ou fracos, o que interessa é a intensidade. Gosto de sentir o meu coração a bater depressa, o sangue a afluir às maçãs de rosto, o sorriso a abrir-se de par em par quando me apaixono. Gosto da vida. Gosto de saber que o Universo é infinito. Gosto de ler artigos interessantes, de sublinhar, de anotar ao lado aquilo que me vem à cabeça. Gosto das minhas aulas de Português e de Psicologia. Gosto de Psicologia. Gosto quando me dizem que sou bonita. Gosto de refutar, discutir, argumentar e discodar. Gosto de opostos. Gosto de ajudar, de me sentir útil. Gosto de esparguete à bolonhesa, empadão de carne e peixe grelhado. Gosto de todo o tipo de salada. Gosto de espigas e searas. Gosto de ver o nascer e o pôr do sol. Gosto de passar uma tarde inteirinha a ouvir música. Gosto do frio de Janeiro e do céu estrelado. Gosto do verde e do azul. Gosto do arco-íris. Gosto de sentir, cheirar, ver, saborear. Gosto de relembrar e eternizar momentos. Gosto de ver um bom filme no cinema em boa companhia. Gosto de receber uma mensagem inesperada. Gosto quando me dizem "Olá". Gosto de dizer "acho-lhe piada", quando me começo a interessar por alguém. Gosto de sentir que a minha pele é macia e suave no encontro com o outro. Gosto de ouvir velhos cd´s esquecidos. Gosto do imprevisto. Gosto de dizer e repetir a palavra doce. Gosto de palavras. Gosto de andar pela Net sem rumo definido, a procurar textos, imagens, livros, músicas. Gosto de conversar horas a fio ao telefone, mesmo que sejam aquelas conversas banais. Gosto de não saber tudo. Gosto de fazer as pazes. Gosto do meu coração anti-stress. Gosto de tirar fotografias a tudo o que vejo. Gosto de pensar que o futuro vai ser brilhante ao lado de alguém com quem desfrute em plenitude de um amor sincero e verdadeiro. Gosto de pensar que quando casar, será para sempre. Gosto das quatro estações do ano e dos quatro elementos, sem excepção. Gosto de mãos masculinas, com dedos compridos, delgados e imponentes que transmitam segurança ao flanco feminino. Gosto de uma boa saída sexta-feira ou sabádo à noite para descomprimir. Gosto de gostar. Mesmo que seja gostar por gostar.

27.12.05

Dezembro é sempre sinónimo de férias, Natal, família, balanço e despedida de um ano que voa das nossas mãos. Olho para trás e vejo lágrimas e sorrisos, alegrias e angústias, dias nublosos e outros resplandescentes, tudo misturado. É por isso, que gosto de ficar fechada em casa num ou em mais do que um dia, no final do mês de Dezembro, para o balanço do que fiz, do que não fiz, do que quero fazer.
Numa época em que cada minuto vale uma hora e em que cada hora passa a correr espero ter tempo. Tempo para parar e sentir, para reavaliar prioridades, para oferecer a quem merece, para hoje sem a preocupação de amanhã.
O Natal já passou mas vem aí o Ano Novo. A correria, a azafáma, a euforia, a ansiedade, a esperança, o optimismo, a alegria, etc. todos estes adjectivos e nomes personificam a passagem de ano.
Cabe a cada um de nós ser feliz e fazer felizes todos aqueles que conseguirmos! No meio de todo o barulho e agitação que percorrerá a noite de 31 de Dezembro desejo que arranjemos um segundo para ouvir o suave múrmurio do nosso coração: ele recorda-nos que, no fim, permanecerá o Amor... Um ano de 2006 cheio de boas surpresas! Que permaneçam :)


26.12.05

Podia ser de tarde. Ou de manhã, ou de madrugada. Tanto fazia. Importante era que chegasses e que me prendesses nos teu braços. Importante era que me beijasses e me roubasses a alma. Importante era que o bater do teu coração fosse doce. Importante era que me segredasses que nada era mais importante, significativo e especial que um segundo, que mil segundos comigo. Depois podia render-me ao fado e morrer na saudade.

8.12.05

Contradição

Todos temos um passado, um presente e um futuro. O meu presente anda envolto em nevoeiro, o meu passado está ao virar da esquina a convidar-me para um café e o futuro é uma brecha de luz.
Se há algo que nunca posso fazer é esquecer o passado. Ele foi importante, e continua a ser, embora de outra forma. Está guardado, recolhido numa gaveta de entre muitas que tenho dentro de mim. Abro-as de vez em quando a medo...e desta vez tive tanto medo.
Sou frágil, insegura e muito lamechas. Ligo a coisas que passam ao lado à maior parte das pessoas. E isso dói quando me sinto mais só.
Todos temos fases. Esta é só mais uma...mas bolas! Custa, custa tanto. E dói. Não quero parecer fraca, mas custa-me enfrentar o rair do dia, as mesmas caras, as mesmas pessoas. Custa-me desiludir-me a mim mesma, e principalmente aqueles que estão sempre aqui, os meus pais. Acho que são aqueles que mais magoo mesmo sem querer. Costumo ficar nostálgica com o Natal. As luzes nas ruas, as compras, o desejo de "Boas-Festas", as férias.Adoro adoro adoro. Mas as luzes não estão acessas, não estou com grande predisposição para compras, só quero férias.
E quero um futuro risonho. Quero que a nublina desapareça, que o café seja só um, que a brecha de luz transborde por qualquer frecha. Quero ser mais EU.
Passado, presente ou futuro?! Qualquer um serve. Ou melhor a interligação dos três. Principalmente o presente. O presente é o meu eu. Pode não ser perfeito, mas nada é. Sou imperfeita, impulsiva, arrogante, teimosa, "cabeça-dura", perguiçosa...mas sou eu.

Ando sem tempo.Por isso, tomem lá uns beijinhos! *

22.11.05

Amanhã quando acordares, sentirás a minha inexistência na tua vida. Vais levantar-te sem o meu cheiro entre os teus lençóis, sem o aroma salgado da junção da tua pele com a minha.
Vais dirigir-te à cozinha, encostar-te-às à bancada e fumarás um cigarro. O teu primeiro cigarro do dia, aquele que quando acordavámos juntos, eu nunca te deixei saborear. Vais sentir-te realizado numa satisfação ilusória e pensarás na minha estúpida relação com o tabaco. O gosto pelo cheiro e pela sensualidade inerente ao acto que algumas pessoas têm, a meu ver versus o facto de detestar que alguém fume.
Abrirás a janela e sentirás que o sol está diferente. Menos quente, menos reconfortante e menos espontâneo. O ar não estará mau, mas sim menos bom. Faltará lá a minha gargalhada parva, o meu beijo repinpando na tua face enquanto os meus braços se enrolam à volta do teu pescoço. Faltará lá o pó de açúcar com o qual eu polvilhava o teu corpo e temperava a tua vida antes de te largar, e com o qual eu te sussurava intimamente um "até logo". Vais sentir falta do regaço que sempre te ofereci sem esperar nada em troca.
E quando te aperceberes estarás a divagar numa noante sem retorno. Será como se existisse um rio a separar o teu "eu" do "eu" que eras quando estava contigo. A linha ténue que nos afastou parecer-te-à tão nítida e tão clara que cada vez mais, sentirás a distância. O regato correrá nessa linha ténue mais e mais para trás, para ser engolido pela sua nascente.
E eu ficarei aqui, onde me largaste e tu ficarás aí, onde paraste e donde não conseguirás partir. E será mais um dia. Só mais um. Daqueles infindáveis dias em que a minha concepção de amor se emarenha em ti e te sufoca.


15.11.05

Telefone

O relógio marca a 1h15 da manhã.Tenho o corpo dormente e estou ansiosa.O telefone toca e do outro lado da linha ouço a tua voz.Sorrio e escuto-te como quem escuta uma melodia que toca ao coração.Falas-me com aquele tom de voz doce e terno que só tu sabes e eu sinto-me a flutuar à mercê das tuas palavras.É tarde e os meus olhos fecham de sono, mas sei que a conversa se avizinha longa e que a cama quentinha vai ter de esperar.
Sussuras coisas ao de leve, contas-me o teu dia, referes a chuva que apanhaste no caminho para a escola.Dizes que gostas de mim.Muito.Esperas que eu também te aconchegue o coração e te massage a alma com palavras doces.Acabo por pronunciar as palavras proibidas.
As minhas palperas descaiem e eu imagino-te aqui.Ao meu lado, enquanto me envolves no teu abraço.Arrepio-me e quando dou conta já não te estou a ouvir.
Adormeço.E tu também adormeçes.Murmuras coisas irrelevantes e sem sentido.Sonhas e divagas nessa nuance de pensamentos que não descodifico.Rimo-nos muito.Proferimos umas quantas palavras de saudade e de amor e despedimo-nos com beijos intermináveis.Mais uns quantos adeus, uns quantos risos, uns quantos silêncios, uns quantos múrmurios e por fim a despedida.Até amanhã meu amor.

[texto rebuscado ao meu subconsciente]

12.11.05

Grinalda de corações


Não existe apenas um momento, uma situação ou um dia mais feliz.Existem vários.E em todos eles, voçês estão presentes.Voçês que me escutam, que me acompanham, que me aconselham, que partilham comigo o dia-a-dia e os pequenos percalços que a vida tem.
Se sou feliz, devo-o em grande parte à devoção, ao carinho e ao amor que recebo dos que me rodeiam.
Para mim, verdadeiras amizades são de extrema importância.Tenho um círculo de amigos não de grande tamanho mas de grande sentimento.Ao meu lado, tenho aqueles de quem gosto e por quem nutro algo de indestrutível.Hoje não é um dia especial, mas os amigos lembram-se sempre e a toda a hora.
Não há dúvidas.Tenho as melhores amigas do mundo.

5.11.05

A Casa

A luz começava a quebrar e as sombras avançavam sobre a casa branca de infância.A casa que ela tão bem conhecia.A casa das brincadeiras de criança, a casa dos refúgios naqueles dias de adolescência, em que a vida lhe dava um pontapé particularmente duro.
O ar, o ambiente, o cantar dos pássaros, tudo permanecia igual.As portadas verde-garrafa das janelas esperavam-na abertas, como se ela fosse uma filha antiga.As memórias eram fortes e o bater do coração era suave.
Atrás da casa, entre os jardins de bungavílias, estendia-se o pátio.As pedras antigas estavam agora mais gastas, mas ainda assim guardavam os risos, as correrias, as quedas e a nostalgia que sempre ali encontrava de cada vez, que se sentava no chão coberto de hera.
Tinha prometido a si mesma, só trazer aquela casa um Ele que soubesse amar em silêncio e falar com as mãos.
Quando ele apareceu, ofereceu-lhe mais do que amor e mais do que gestos.Ela retribui-lhe da melhor forma que sabia.Levou-o à casa de infância, à casa que tinha a chave dela.A chave da menina que ela tinha sido, era e sempre seria.Olhavam-na agora em silêncio, de mãos dadas absortos à realidade envolvente.
E era assim, que ali iam permanecer.A guardar o pátio com o olhar e a lançar sobre ele toda a nostalgia e intimidade que existia entre eles.Porque era ali que se sentiam bem e porque era ali que queriam estar.

3.11.05

Tu ou tu?

Admiro-te pelo que és.Pelo que demontras ser, pelo que fazes, pelo que dizes e pela forma suave e ao mesmo tempo sarcástica com que escutas.Mas também tenho receio.
Assusta-me a quantidade de tu´s que guardas dentro do peito.Não percebo o porquê de não os mostrares, ou se calhar até percebo.Talvez será porque não sentes tudo à flor da pele como eu, que sou toda feita de coração.Já tu, és uma pessoa fria e cerebral, que vê e pensa tendo sempre por base, a lógica e a razão.Também sabes ser doce, mas nunca, nunca baixas a guarda.Foges dos sentimentos, como uma criança assustada foge do infantário ou da primária, ou se preferires, agarras-te às tuas convicções, tal como as crianças se agarram às pernas e às calças dos pais, nos primeiros dias de escola.
E isso confunde-me.Todos esses tu´s que tu tanto reprimes de cada vez que estamos juntos embaciam tal qual a névoa, a clareza de espírito que tanta falta me faz.É como se o dia chuvoso de hoje se instala-se na minha alma, entendes?
Todavia não me impedem de ao mesmo tempo, gostar do tu que conheço.A questão é, então, Tu ou tu?
A resposta não sei.Sei sim e, isso também importa, que o teu "Eu" completo é fascinante e que de vez em quando, poderias e deverias soltá-lo.Dar-lhe-ia auto-estima e faria com que tu próprio te sentisses bem.No fim de contas, tudo isto vem a propósito de uma mera interrogação, Qual foi a última vez que te vi sorrir de verdade? *

27.10.05

Teoria do Caos.







"Sempre que a tua boca encontra a minha, uma borboleta bate as asas dentro da minha barriga."

26.10.05

Costuma-se dizer que a adolescência é a idade de todos os perigos.Eu considero-a a idade de todos os desafios.É como se nascessemos outra vez.Implica crises, choros, quedas e a ideia fixa de que o mundo acaba e recomeça várias vezes ao dia.
A adolescência é como se fosse um intervalo entre a infância e a vida adulta.Cometem-se as maiores loucuras, seguem-se os impulsos mais estranhos, vive-se a vida de improviso e ama-se.Ama-se muito.E sonhar então, nem se fala.É um período de aprendizagem e crescimento.Construirmo-nos enquanto pessoas não é tarefa fácil, e o amadurecimento da personalidade de cada um em sociedade, é um trabalho árduo e contínuo.
Estou a crescer.Sei-o e sinto-o.Olho para trás e vejo o quanto cresci.Sinto-me uma rapariga com ideias mais sólidas e mais consistentes, com mais responsabilidade no modo como levo a vida.Aprendi à custa de erros, de irresponsabilidades e de muitos tombos que dei.O meu coração já sofreu vários pontapés, a minha vida já esteve muitas vezes do avesso e eu tenho muitas vezes um montão de ideias para assimilar.Mas de todas essas vezes descobri uma força dentro de mim.E cada vez mais acredito que todos a temos.
Sinto-me bem comigo mesma.O meu mundo vai continuar a dar muitas voltas, até que encontre um ponto de equilíbrio.Mas eu sei que tenho raízes sólidas a rodearem-me.Elas entrelaçam-se em mim e dão-me força.
Já não sou tão imatura, tão infantil nem banalizo os sentimentos, as pessoas, as situações como fazia à uns anos atrás.Continuo a ter ânsia de descobrir, de aprender coisas novas.Mas a vontade de desbravar o mundo num só grito já passou.
Os "verdes anos" ou a "idade do armário" não são mais de que a melhor fase das nossas vidas.Resta-nos saboreá-la e aproveitá-la ao sabor das marés e das correntes.Temos que nos deixar levar com a consciência de que quem erra é humano e que quem luta, sofre.Mas acima de tudo sabendo que todas as coisas têm o seu próprio tempo e o seu próprio espaço.Não interessa termos pressa em crescer... Um dia todos lá chegaremos.