10.7.06

.,

"Dizeste-me vai fazer amanhã um mês que "é irónico que muitas vezes o importante fique por dizer, rodeado de incertezas, mas as coisas são o que quisermos". Cito-te porque esta frase marcou-me. Concordo contigo, as coisas são o que quisermos mas as mesmas têm inerente a si um rol indeterminável de limitações e/ou desvantagens. Os prós e os contras de qualquer ideia, de qualquer objectivo se assim posso dizer. E aqui, começam as confusões.
Muitas vezes, se quiseres e, para ser sincera demasiadas vezes, deixo pendente determinados assuntos que até à data me pareciam simples e factuais, mas que por uma razão inexplicável se tornam demasiado complexos. Idealizo demasiado as relações, as pessoas, as coisas, as situações e espero sempre ser surpreendida. Adoro a expectativa da resposta ao estímulo que está subjacente às minhas palavras e às minhas próprias acções. Sou matreira, demasiado enigmática para que me percebam à primeira, porque se me perceberem rapidamente poderão perceber o oposto passado uns tempos. Sofrerei de bipolaridade? Não sei.
Só sei que sou toda coração, que as minhas entranhas e vísceras se regulam pelas emoções, pelos afectos, pelos sonhos, pelos sentimentos. Entrego-me quase sem defesas, mas acabo por sair quase sem mazelas, e deixo-te a ti magoado, fragilizado e demasiado confuso. Entendo-te, ou pelo menos assim o tento. És tão racional, tão recto e tão prevísivel que quando me dizes que gostavas de por vezes, arriscar como eu, sou levada a sentir remorsos. Nunca te quis nem quero magoar. E, por isso estou tão mal, tão fechada em mim, tão nada, que nem me consigo abrir e desabafar com os que me são mais próximos, só consigo passar para o teclado de computador estas palavras estúpidas numa tentativa inútil de arranjar justificação para compreender o meu agir.
As minhas palavras nunca serão o retrato fiel do que eu gostaria e quereria dizer-te, mas quando me dizes que "as palavras não são o retrato fiel, mas amam-nos, odeiam e magoam, tal como as acções", um nó forma-se dentro da minha garganta... Como?!... Como explicar-te por palavras que mesmo sem querer, cai na tentação de te iludir, de te começar a afastar de um lugar especial do lado esquerdo do peito que parecia destinado a ti, porque me apercebi que não era isto que eu queria para mim (para ti, para nós). Desculpa-me.
Perdoa-me, talvez seja a expressão verbal que deva sair dos meus lábios. Nunca quis brincar contigo, nem iludir-te, nem esperar que te apaixonasses por mim para depois te dizer que afinal eu não sentia o mesmo por ti. Tenho consciência que nunca to disse, mas tenho medo de indirectamente o teres percebido... às vezes, nas entrelinhas perdem-se tantos dizeres...
E agora? Agora queria apagar tudo, ser "tábua rasa" novamente, e voltar ao que eramos. Queria retomar o há-vontade, a confiança, a cumplicidade que tanto caracterizava as nossas conversas e peripécias do correr quotidiano. Mas, por enquanto parece-me demasiado díficil. Sinto necessidade de me afastar por uns tempos, acho que me fará bem e a ti também. Espero sentir-me outra vez "eu", poder estar contigo naturalmente dentro em breve. Prometo que não te deixo sem notícias... prometo. É a única certeza convicta que te posso oferecer neste momento."

Com afecto,
Ana

4 comentários:

rita disse...

linda carta de amor ana! acho que diz tudo... nem sequer tenho mais palavras. beijinhos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.