17.7.05

Sorriso.

Na esquina de uma rua deserta o amor acaba.A tua mão segurava o cigarro, enquanto tu inalavas o fumo, tentando recuperar o tempo perdido.Eu tentava esconder a ansiedade não te olhando nos olhos.O fumo enebria a escuridão da noite, provocando um nevoeiro à nossa volta.Não estava frio, mas mesmo assim abraçei-te.Senti pela última vez o calor do teu coração.Do teu corpo, aquele que tantas vezes estivera colado ao meu.Afastamo-nos e após um breve silêncio que pareceu escasso para recordar numa espécie de flash tudo aquilo que vivemos, a tua mão desprendeu-se da minha.Era o fim da união de dois seres que agora se encontravam sozinhos.Com os olhos lacrimejantes, virei-me e afastei-me.Não olhei para trás, mas tenho a sensação que tu ficaste lá, parado, até que, me viste desaparecer na escuridão reflectida no candeeiro de pé alto, que demarcava que a rua tinha acabado.A rua e um pedaço de mim.
Passaram-se cinco meses e de cada vez que cruzo aquela esquina, tenho a certeza que o teu sorriso nunca me abandonará.Aquele sorriso largo, cativante que sempre me animou.Por não o ter vislumbrado naquela noite, é talvez a melhor lembrança que tenho.E, é essa, que vou continuar a relembrar e a recordar.Porque o amor acabou mas o sorriso permaneceu.