1.5.06

Ao olhar hoje para as tuas fotografias deparei comigo a cair numa vertigem fria de sentimentos e recordações. Sabes, é comum eu apaixonar-me muitas vezes ao dia, demasiadas vezes se assim se pode dizer e, é sempre por muitas pessoas, por muitas coisas, por muitos momentos, por muitas músicas. Sigo quase sempre os meus impulsos para o bem e para o mal e penso em tantas coisas ao mesmo tempo que as palavras não chegam para tudo. A mesma coisa acontece quando inicio em simultâneo mais que um projecto, que ficam pendentes, porque entretanto descobri outros, ainda melhores e, é a esses que me dedico.
Tu não és nem nunca foste um projecto. Mas eu apaixonei-me por ti, pela praia, pela noite, pelo ambiente, pelo nascer do sol. Assim, sei que fiquei presa a ti embora me tenhas atado mas não me tenhas prendido... Deixaste-me escapar porque nunca me quiseste ter e, eu é que interpretei as coisas mal. Hábito comum também à minha pessoa. É como as músicas. Há letras que só me caem dos dedos quando a mudança espreita e há frases que só percebo quando algo me falta. Há músicas que só canto na minha tristeza e melancolia e há momentos em que desejo recuperar os estados de espírito que deixaram saudades.
Queria recuperar-te agora. Não sei bem porquê, porque desconfio que a conversa acabaria por não fluir, mas mesmo assim, era bom ter-te por perto. Poderia dizer-te que para mim, tens um cartaz invísivel colado na testa: "Cuidado, não te aproximes que eu não saberei colar os pedaços que partirei em ti." Colado na testa e subentendido no olhar e no sorriso matreiro. A minha atracção inevitável pelo abismo poder-se-á explicar se eu conseguir observar na 3ª pessoa a minha relação contigo.